quinta-feira, 30 de julho de 2009

Reconfiguração das relações de gênero no trabalho - 1° Parte

RESENHA DO LIVRO: Reconfiguração das relações de gênero no trabalho

Apresentação

O livro Reconfiguração das relações de gênero no trabalho faz uma analise de como o processo de reestruturação produtiva, precarização, terceirização e flexibilização do trabalho afetas diretamente a vida das mulheres. Ele é composto de nove artigos que traça um panorama sócio-econômicos das relações de trabalho no mundo marcado pela globalização. Em geral, os artigos são sucintos, mas a arrumação dos artigos dá a obra uma completude que nos permite ter uma visualização da problemática da mulher no mercado de trabalho em diversos países, contudo, os autores se preocupando em fazer um recorte dessas temáticas no Brasil. Para a apresentação deste livro, elaborei um texto, enfatizando, entre outras, quatro temáticas presente na obra. São elas: 1 - Os impactos da reestruturação produtiva sobre o trabalho feminino; 2 - O tempo; 3 – Desemprego e 4 - Trabalho domestico. No decorrer do mês apresentarei um breve resumo de cada uma dessas temáticas. Participe com as Pérolas negras dessa discussão!
Regina Farias
Estudante de Ciências Sociais - UFBA

1° PARTE : Os impactos da reestruturação produtiva sobre o trabalho feminino

No livro Reconfiguração das relações de gênero no trabalho, os autores analisam o campo temático dos estudos de relações de trabalho no Brasil e no mundo após a segunda guerra mundial. Suas implicações nas relações desiguais entre homens e mulheres no mercado de trabalho em fase do aumento da precarização das condições de trabalho paralelo ao aumento das desigualdades sociais, diminuição do Estado de bem-está social, e por conseqüência um aumento da pobreza. Nesse contexto, as mulheres são uma das maiores vítimas da espoliação do trabalho e da exploração do neoliberalismo econômico. São também as mais empobrecidas e as que sofrem mais com o desemprego, ganham menores salários, possuem duplas jornadas de trabalho em outras.
Tendo esses fatores em vista, o artigo da professora Helena Hirata, que faz uma breve discussão que enfatiza globalização financeira e econômica, avalizando de que modo está leva a uma reconfiguração das relações sociais. Para a autora, as políticas implementadas nesse processo de globalização, possibilitam a maximização do lucro, favorecendo não só a concentração de riqueza, como também a centralização do Capital financeiro e produtivo ocasionando um crescente desemprego e diminuição dos direitos sociais das trabalhadoras. “A globalização, (...) modifica o lugar das mulheres na economia, mas também os papéis masculinos e femininos nas esferas da vida política e social, alterando simultaneamente as formas de desigualdades entre mulheres e homens.” (HIRATA, 2004).
De acordo com Hirata, essas mudanças são observadas no aumento do trabalho remunerado para as mulheres e numa estagnação ou queda para os homens. Todavia, isso resulta também em uma maior precariedade da força de trabalho feminino.
Ela ressalta que há um crescimento do trabalho informal para ambos os sexos nos países de economia frágil como o Brasil. Nesse contexto os trabalhadores estão mais expostos às condições precárias de emprego. Assim como Helena Hirata, a professora Maria Bezerra Lima sinalizam a importância da luta da organização de trabalhadoras e trabalhadores em busca da igualdade de oportunidade entre homens e mulheres, tendo como tema central a cidadania e a inclusão social. Para elas, só a partir da organização das mulheres, sobretudo das trabalhadoras é possível colocar em pauta discussões acerca de políticas públicas que combata essas desigualdades entre sexo e permita regras comercias que leve em conta o trabalho feminino.
Maria Bezerra Lima nos informa ainda que na divisão sexual do trabalho, há uma hierarquia das relações entre homens e mulheres que constitui mecanismo de manutenção da subordinação da mulher. Essas relações estão presentes no mercado de trabalho e o capitalismo a utiliza na redução dos custos da produção aumento da exploração das trabalhadoras.
Segundo Lima (2004), os lugares ocupados pelas mulheres no mundo do trabalho ainda são de forte desigualdade. Exemplo disso é a presença massiva desta população na economia informal, ou mesmo no trabalho em domicilio, além do acúmulo de tarefas como a dupla jornada, devido à necessidade de cuidado com crianças, idosos e doentes.


Referência bibliográfica

BORGES, Ângela. O capital e a mão invisível do trabalho: notas debate sobre a centralidade do trabalho no capitalismo contemporâneo. In: Caderno CRH, n. 33. p. 179-196, jul./dez. Salvador. 2000.

BURQUE, Cristina, SANTOS Graciete. O que é gênero? In: Formação de formadores para talhadoras do setor comércio. Salvador. 2005.

BRUSCHINI, Cristina. Gênero e trabalho no Brasil: novas conquistas ou persistências da discriminação? (Brasil, 1985/95). In: ROCHA,Maria Isabel Baltasar da. Trabalho e Gênero: mudanças, permanências e desafios. São Paulo: Editora 34, 2000, p.13-58.

COSTA, Ana Alice; OLIVEIRA, Eleonora Menicucci de; LIMA, Maria Ednalva Bezerra de; SOARES, Vera. [Org.]. Reconfiguração das relações de gênero no trabalho. São Paulo. CUT Brasil, 2004. 144p.

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