Em seu último "Boletim Mercado de Trabalho - Conjuntura e Análise",publicado em novembro de 2008, o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas) revelou que as mulheres negras são as mais excluídas do mercado de trabalho, tanto em renda quanto em acesso a empregos formais ou de maior status social.
A nota técnica "DIFERENCIAIS DE RENDIMENTOS POR SEXO E RAÇA", baseada na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios(PNAD)do IBGE, revela que:
"Conforme se observa, há diferenças significativas de rendimento entre os grupos. Homens negros, mulheres brancas e mulheres negras auferem rendimentos correspondentes, respectivamente, a 54,2%, 79,8% e 48,7% dos rendimentos dos homens brancos. Tais dados revelam que os diferenciais de rendimentos no mercado de trabalho são muito maiores por raça do que por sexo. De fato, enquanto os rendimentos das mulheres equivalem a 85% do auferido pelos homens, no caso dos negros os rendimentos representam cerca de 57% dos rendimentos dos trabalhadores brancos."
"Em qualquer um dos grupos considerados (homens negros, mulheres brancas e mulheres negras) é possível notar que o diferencial de rendimentos aumenta com a idade. A relação entre o rendimento/hora de um homem negro em relação a um homem branco é de 75,7% na faixa etária dos 18 aos 24 anos, diminuindo até alcançar 42,9% na faixa dos 55 aos 60 anos. As mulheres negras, por sua vez, ingressam no mercado de trabalho ganhando 69,1% do rendimento/hora dos homens brancos entre os 18 e 24 anos, e terminam com rendimentos que representam 38,6% dos rendimentos dos homens brancos. Em ambos os casos, é possível notar que o a discriminação no mercado de trabalho possui um efeito cumulativo sobre o rendimento de mulheres e negros ao longo de sua trajetória laboral."
"No caso dos homens negros, o padrão de discriminação é menos correlacionado
com a escolaridade: tanto os trabalhadores com menos de 3 anos de estudo quanto aqueles nas faixas de 8 a 11 anos de estudo apresentam um diferencial de rendimentos menor em relação aos homens brancos."
O relatório conclui que houve redução no processo de exclusão das mulheres negras no mercado de trabalho, como consequência de um crescimento real da renda da maioria dos brasileiros nos últimos anos.
Entretanto, as desigualdades raciais e sexuais no mercado de trabalho persistem, afligindo ainda de forma mais perversa as mulheres negras. É importante que a renda da população cresça de forma significativa mas, consideramos indispensável que políticas reais de reparação sejam efetivadas, através de políticas públicas de ações afirmativas e de uma posição mais efetiva do estado brasileiro em relação a este tipo de desigualdade.
A discriminação racial e de gênero no mercado de trabalho será minimizada quando o Estado convocar o empresariado nacional para discutir seriamente esta questão, garantindo cotas e programas de Responsabilidade Social que levantem o debate sobre o respeito à diversidade de raça, de gênero e de orientação sexual.
A exclusão das mulheres negras nos espaços de poder será minimizada quando os governos exigirem dos meios de comunicação de massa que garantam espaços para as mulheres negras fora dos cenários da cozinha e da senzala das novelas. E, também, determine que as desigualdades raciais e sexuais sejam apresentadas de maneira ética e responsável.
A desigualdade em relação aos rendimentos de negros e brancos será minimizada quando for realizado um plano nacional de ações afirmativas nas universidades públicas federais, que garanta o acesso, a permanência e o encaminhamento do aluno negro e cotista ao mercado de trabalho. Para tanto, uma vez reconhecida as disparidades raciais - como a apresentada no "Boletim Mercado de Trabalho - Conjuntura e Análise" de nov.2008 do IPEA e em outras publicações - É NECESSÁRIO QUE COTAS RACIAIS SEJAM IMPLANTADAS.
PELA APROVAÇÃO IMEDIATA DO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL!
POR COTAS RACIAIS NAS UNIVERSIDADES E NO SERVIÇO PÚBLICO!!
POR UMA INSERÇÃO RESPONSÁVEL DAS MULHERES NEGRAS NA MÍDIA!!!
O PÉROLAS NEGRAS - NÚCLEO DE ESTUDANTES NEGRAS DA UFBA AFIRMA QUE NÃO BASTA ANALISAR E RECONHECER O PROBLEMA, É PRECISO QUE SEJAM GARANTIDOS ESPAÇOS DE PODER PARA AS NEGRAS E NEGROS.
sábado, 27 de dezembro de 2008
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2 comentários:
A existência desse grupo me deixa muito feliz, porém agora é tive tempo para parabenizá-las!
Nós homens sabemos que a vida nesse país é árdua para nós negros.
Infelizmente a situação duplica quando se é mulher,negra e nordestina!
Elieser, membro do GRIOT/UFMA.
Olá!
Descobri o blog por um acaso.
Estava eu aqui a procurar por este estudo da IPEA e fui remetido a este blog. Realmente, me surpreendi! Eu tb sou aluno da UFBA (faço Ciências Econômicas, por isso o meu interesse) e fico muito feliz por ser leitor de um blog "militante" (não sei se esta é a expressão mais apropriada).
Foi a análise mais concisa que eu vi até agora! Na mídia nativa, estes dados alarmentes são amplamente distorcidos ou simplesmente não divulgados com a respectiva importância.
Como estudante de Economia posso afirmar que este estudo é realmente chocante, pois o mito da democracia racial é totalmente destruído.
Ah, e a propósito, gostei muito do blog. Continuem assim.
Abraços!
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