Sociedades negras pré-históricas no Brasil
Por Vanderley de Brito*
Por Vanderley de Brito*
Independentemente de raça, todos os seres humanos que vivem hoje no mundo são de uma mesma espécie, - a do Homo sapiens-sapiens - cujos estudos, sejam de ordem genética ou paleontológica, determinam que sua origem é africana. Só posteriormente a espécie foi gradativamente ganhando caracteres diferentes, de acordo com as imposições climáticas e alimentícias das outras regiões do Planeta que foi habitando, para mudar sua cor de pele, a conformação do crânio e do rosto, o tipo de cabelo e etc.
Os cientistas descobriram, analisando o DNA mitocondrial – material genético em uma célula que passa sem modificações de mãe a filho - de indivíduos de diversas partes da Terra, que todas as pessoas são, em última instância, originárias da África. De origem remota, anterior há 130 mil anos, o Homo sapiens-sapiens só ensaiou as primeiras emigrações da África para povoar o resto do Planeta, mais ou menos há 52 mil anos. O seja, a espécie passou mais tempo na África do que fora dela.
Até então, o homem pertencia a uma única raça; a negra, que era o tipo humano mais adequado para viver no rigor climático tropical da África. Só a partir do contato com as outras regiões e outros meios de subsistência que estes caracteres físicos humanos foram se diversificando, através de um processo natural adaptativo que o naturalista inglês Charles Darwin chamou de Evolução.
Portanto, de acordo com a teoria evolucionista, o homem surgiu perfeitamente adaptado para viver em regiões quentes. No entanto, assim como as diversas outras espécies do Planeta, também lhe foi dada a capacidade de ser mutante, de acordo com as imposições de sobrevivência que meio-ambiente lhe impor. Analisando por esta ótica, a raça negra seria, então, a forma matriz da espécie Homo sapiens-sapiens.
Outra questão que pode se levar em consideração é que, se o homem se transforma para melhor poder sobreviver ao meio, as regiões tórridas do Planeta, onde calor e a luminosidade solar são mais intensos, deveriam abrigar seres de raça negra. Pois bem, as principais regiões tropicais da Terra são: a África, a Austrália e a América do Sul. Como bem sabemos, estas duas primeiras são territórios negros. Os negros australianos, de fato, não são tão negros quanto os africanos, mas isso se poderia explicar porque durante o longo trajeto entre a África e o continente australiano, que deve ter sido feito em milhares anos, o homem teria se tornado primeiro um ser afroeuroasiático para depois, no rigor ardente australiano, gradativamente retornar a forma ideal de sobrevivência em lugares quentes.
Mas e a América do Sul? Como bem sabemos, os povos que viviam neste continente no período de sua descoberta eram sociedades de aspecto físico mongolóide e pele bronzeada. Talvez esta coloração da pele já fosse numa adaptação aos trópicos e venha revelar que este tipo humano não habitou o continente tempo suficiente de evoluir para o tipo humano ideal de regiões quentes.
Todavia, no ano de 1975 uma equipe franco-brasileira que pesquisava na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, encontrou restos esqueletais humanos de configurações cranianas diferentes dos povos ameríndios, dentre os quais um crânio de mulher que foi datado pelo método de Carbono 14 de aproximadamente 11.680 anos, sendo o mais antigo resto humano já encontrado nas Américas. Em 1999 pesquisadores da Universidade de Manchester, na Inglaterra, reconstituíram a face deste crânio, o que acabou por revelar traços morfológicos negróides.
Portanto, povos negros habitaram o Brasil muito antes dos ameríndios de origem asiática. Certamente estes povos viveram por muito tempo em nosso continente ao ponto de se adaptar fisicamente. Pois, segundo os estudos deste crânio e outros mais da região que foram submetidos ao estudo, foi verificado diferenciações cranianas e narinas amplas, assim como existem também nos aborígines australianos, que os descaracteriza como populações de origem genética direta africana. Fato que leva a crer que estes primeiros habitantes do Brasil, na sua marcha rumo ao desconhecido, evoluíram para um ser intermediário entre o negro e o asiático e, chegados aos trópicos brasileiros, estavam novamente assumindo as feições primárias.
Não se sabe o porquê destas primitivas populações negras do Brasil terem se extinto. Talvez a chegada dos povos de origem asiática tenha “contribuído” para que os antigos habitantes do continente desaparecessem por completo. Todavia, restos de esqueletos mongolóides datados em diversas regiões do Nordeste do Brasil apresentam datações próximas dos povos de tipo negro que ficaram conhecidos como Homem de Lagoa Santa, o que indica um possível contato entre as etnias e, quem sabe até, miscigenação e intercâmbio cultural. Pois no período das primeiras bandeiras no interior do Brasil alguns cronistas e missionários anotaram a existência de grupos indígenas com a cor da pele mais escura e os cabelos mais crespos que os demais e, entre inúmeras formas de cultura artística ameríndia, se registra notáveis semelhanças com as artes decorativas africanas.
*Historiador da Sociedade Paraibana de Arqueologia.
Os cientistas descobriram, analisando o DNA mitocondrial – material genético em uma célula que passa sem modificações de mãe a filho - de indivíduos de diversas partes da Terra, que todas as pessoas são, em última instância, originárias da África. De origem remota, anterior há 130 mil anos, o Homo sapiens-sapiens só ensaiou as primeiras emigrações da África para povoar o resto do Planeta, mais ou menos há 52 mil anos. O seja, a espécie passou mais tempo na África do que fora dela.
Até então, o homem pertencia a uma única raça; a negra, que era o tipo humano mais adequado para viver no rigor climático tropical da África. Só a partir do contato com as outras regiões e outros meios de subsistência que estes caracteres físicos humanos foram se diversificando, através de um processo natural adaptativo que o naturalista inglês Charles Darwin chamou de Evolução.
Portanto, de acordo com a teoria evolucionista, o homem surgiu perfeitamente adaptado para viver em regiões quentes. No entanto, assim como as diversas outras espécies do Planeta, também lhe foi dada a capacidade de ser mutante, de acordo com as imposições de sobrevivência que meio-ambiente lhe impor. Analisando por esta ótica, a raça negra seria, então, a forma matriz da espécie Homo sapiens-sapiens.
Outra questão que pode se levar em consideração é que, se o homem se transforma para melhor poder sobreviver ao meio, as regiões tórridas do Planeta, onde calor e a luminosidade solar são mais intensos, deveriam abrigar seres de raça negra. Pois bem, as principais regiões tropicais da Terra são: a África, a Austrália e a América do Sul. Como bem sabemos, estas duas primeiras são territórios negros. Os negros australianos, de fato, não são tão negros quanto os africanos, mas isso se poderia explicar porque durante o longo trajeto entre a África e o continente australiano, que deve ter sido feito em milhares anos, o homem teria se tornado primeiro um ser afroeuroasiático para depois, no rigor ardente australiano, gradativamente retornar a forma ideal de sobrevivência em lugares quentes.
Mas e a América do Sul? Como bem sabemos, os povos que viviam neste continente no período de sua descoberta eram sociedades de aspecto físico mongolóide e pele bronzeada. Talvez esta coloração da pele já fosse numa adaptação aos trópicos e venha revelar que este tipo humano não habitou o continente tempo suficiente de evoluir para o tipo humano ideal de regiões quentes.
Todavia, no ano de 1975 uma equipe franco-brasileira que pesquisava na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, encontrou restos esqueletais humanos de configurações cranianas diferentes dos povos ameríndios, dentre os quais um crânio de mulher que foi datado pelo método de Carbono 14 de aproximadamente 11.680 anos, sendo o mais antigo resto humano já encontrado nas Américas. Em 1999 pesquisadores da Universidade de Manchester, na Inglaterra, reconstituíram a face deste crânio, o que acabou por revelar traços morfológicos negróides.
Portanto, povos negros habitaram o Brasil muito antes dos ameríndios de origem asiática. Certamente estes povos viveram por muito tempo em nosso continente ao ponto de se adaptar fisicamente. Pois, segundo os estudos deste crânio e outros mais da região que foram submetidos ao estudo, foi verificado diferenciações cranianas e narinas amplas, assim como existem também nos aborígines australianos, que os descaracteriza como populações de origem genética direta africana. Fato que leva a crer que estes primeiros habitantes do Brasil, na sua marcha rumo ao desconhecido, evoluíram para um ser intermediário entre o negro e o asiático e, chegados aos trópicos brasileiros, estavam novamente assumindo as feições primárias.
Não se sabe o porquê destas primitivas populações negras do Brasil terem se extinto. Talvez a chegada dos povos de origem asiática tenha “contribuído” para que os antigos habitantes do continente desaparecessem por completo. Todavia, restos de esqueletos mongolóides datados em diversas regiões do Nordeste do Brasil apresentam datações próximas dos povos de tipo negro que ficaram conhecidos como Homem de Lagoa Santa, o que indica um possível contato entre as etnias e, quem sabe até, miscigenação e intercâmbio cultural. Pois no período das primeiras bandeiras no interior do Brasil alguns cronistas e missionários anotaram a existência de grupos indígenas com a cor da pele mais escura e os cabelos mais crespos que os demais e, entre inúmeras formas de cultura artística ameríndia, se registra notáveis semelhanças com as artes decorativas africanas.
*Historiador da Sociedade Paraibana de Arqueologia.
Fonte: Jornal Íronhín
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