Pouco mais de cinqüenta anos nos separam da universal declaração de direitos ao que é humano.
Pouco mais de um século nos separa do tempo e espaço em que, como escravas, não éramos donas de nossa fala, nosso corpo, nosso destino.
Ainda hoje tentam nos negar qualquer vida psicológica e intelectual, exibem nosso corpo colonizado pelas fantasias sexuais mais secretas - um corpo sem afetividade.
Se a violência contra a mulher é uma epidemia que desconhece classes sociais, existem segmentos que são mais vulneráveis porque já têm uma outra história de violência, como é o das mulheres negras, sob fogo cruzado de várias formas de violência: a de gênero, privada, no lar; a da pobreza, que as escraviza a jornadas de trabalho intermináveis das quais não sobrará sequer a mínima aposentadoria; e o preconceito racial que ainda tenta nos confinar no espaço que vai do fogão ao tanque, domesticadas, no fundo de cena.
Alguns fatores nos tornam sujeito de direitos diferenciados, ou de não-direitos. Coisas de um passado muito próximo, ainda à flor da pele.
É pelas raízes numa história e numa cultura que não são as mesmas das mulheres brancas, que nós, mulheres negras não nos identificamos tanto com os estereótipos de fragilidade, de submissão e dependência associadas à figura feminina.
Alzira Rufino.
sábado, 30 de agosto de 2008
sábado, 23 de agosto de 2008
UFBA: Espaço machista
Em meio aos fatos ocorridos, depois de Antônio Natalino Dantas, o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia é mais um a demonstrar o verdadeiro pensamento dos que administram a instituição Ufba, um espaço racista, machista e sexista.
A resposta de Francisco Mesquita ao caso de violência sexual sofrido por uma estudante do curso de Dança da Ufba foi que "a vítima estava em condições propícias para o ocorrido".
Essa é a realidade da sociedade como um todo e que se faz presente também no mundo acadêmico, onde as mulheres são vítimas diariamente do machismo. "Nós estamos por nossa própria conta".
Repudiamos essa e quaisquer atitude de caráter sexista. Lamentamos muito o ocorrido e esperamos que medidas cabíveis sejam tomadas pela administração central da Universidade Federal da Bahia.
Eu-Mulher
Conceição Evaristo
Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas.
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inaugura a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo
Antecipo
Antes-vivo
Antes-agora-o que há de vir.
Eu fêmea matriz
Eu força motriz
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-continuo
do mundo.
A resposta de Francisco Mesquita ao caso de violência sexual sofrido por uma estudante do curso de Dança da Ufba foi que "a vítima estava em condições propícias para o ocorrido".
Essa é a realidade da sociedade como um todo e que se faz presente também no mundo acadêmico, onde as mulheres são vítimas diariamente do machismo. "Nós estamos por nossa própria conta".
Repudiamos essa e quaisquer atitude de caráter sexista. Lamentamos muito o ocorrido e esperamos que medidas cabíveis sejam tomadas pela administração central da Universidade Federal da Bahia.
Eu-Mulher
Conceição Evaristo
Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas.
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inaugura a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo
Antecipo
Antes-vivo
Antes-agora-o que há de vir.
Eu fêmea matriz
Eu força motriz
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-continuo
do mundo.
domingo, 17 de agosto de 2008
4ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero
Estão abertas as inscrições para a 4ª edição do Prêmio Construindo a
Igualdade de Gênero, uma parceria entre a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).
O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, parte integrante do Programa Mulher e Ciência, é uma proposta que busca estabelecer as bases para mudanças culturais profundas e um mundo de plena eqüidade de gênero. O Prêmio tem como objetivo estimular a produção científica e a reflexão sobre as relações de gênero no país e promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas.
Estudantes do ensino médio e de graduação e de pós-graduação podem participar. As alunas e alunos do ensino médio premiadas(os) recebem computadores e bolsas de Iniciação Científica Júnior. As(os) estudantes de graduação recebem R$ 5 mil e bolsas de Iniciação Científica, enquanto as/os premiadas/os da categoria graduado recebem R$ 10 mil e bolsas de Mestrado ou Doutorado do CNPq.
As instituições a que pertençam as alunas e alunos do ensino médio premiadas/os recebem um computador, no valor estimado de R$ 2,5 mil, e uma assinatura anual dos Cadernos Pagu e da Revista Estudos Feministas.
As inscrições estendem-se até o dia 31 de outubro de 2008 e deverão ser feitas por meio do site www.igualdadedegenero.cnpq.br ou pelos Correios, para os seguintes endereços:
Categorias Graduado e Estudante de Graduação: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Serviço de Prêmios - 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, SEPN 507, Sala 203 - Brasília - DF - CEP 70740-901.
Categoria Estudante do Ensino Médio: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM/PR) - 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - Esplanada dos Ministérios - Bloco L - Edifício Sede - sala 200, 2º andar - Brasília - DF. - CEP 70.047-900
Informações complementares sobre o prêmio podem ser obtidas pelos
e-mails:
Categorias Estudante de Graduação e Graduado - premios@cnpq.br
Categoria Estudante do Ensino Médio - mulhereciencia@spmulheres.gov.br
Igualdade de Gênero, uma parceria entre a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).
O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, parte integrante do Programa Mulher e Ciência, é uma proposta que busca estabelecer as bases para mudanças culturais profundas e um mundo de plena eqüidade de gênero. O Prêmio tem como objetivo estimular a produção científica e a reflexão sobre as relações de gênero no país e promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas.
Estudantes do ensino médio e de graduação e de pós-graduação podem participar. As alunas e alunos do ensino médio premiadas(os) recebem computadores e bolsas de Iniciação Científica Júnior. As(os) estudantes de graduação recebem R$ 5 mil e bolsas de Iniciação Científica, enquanto as/os premiadas/os da categoria graduado recebem R$ 10 mil e bolsas de Mestrado ou Doutorado do CNPq.
As instituições a que pertençam as alunas e alunos do ensino médio premiadas/os recebem um computador, no valor estimado de R$ 2,5 mil, e uma assinatura anual dos Cadernos Pagu e da Revista Estudos Feministas.
As inscrições estendem-se até o dia 31 de outubro de 2008 e deverão ser feitas por meio do site www.igualdadedegenero.cnpq.br ou pelos Correios, para os seguintes endereços:
Categorias Graduado e Estudante de Graduação: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Serviço de Prêmios - 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, SEPN 507, Sala 203 - Brasília - DF - CEP 70740-901.
Categoria Estudante do Ensino Médio: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM/PR) - 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - Esplanada dos Ministérios - Bloco L - Edifício Sede - sala 200, 2º andar - Brasília - DF. - CEP 70.047-900
Informações complementares sobre o prêmio podem ser obtidas pelos
e-mails:
Categorias Estudante de Graduação e Graduado - premios@cnpq.br
Categoria Estudante do Ensino Médio - mulhereciencia@spmulheres.gov.br
sábado, 16 de agosto de 2008
Elisa Lucinda (Mulata Exportação)
“Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol, entendeu meu gelol?
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada. Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:
Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!
Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!
(Da série “Brasil, meu espartilho”)
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol, entendeu meu gelol?
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada. Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:
Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!
Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!
(Da série “Brasil, meu espartilho”)
Era uma vez
Como todas as outras vezes
Que foram somadas ao menos
Vesti-me de Cinderela
Com sapatinhos de couro
Cheirinho de alfazema
Vestida de branco em plena sexta-feira
Sem cavalos e sem espadas
Corro atrás daquela torre
Na Mussurunga 307
Sem reboco e sem piso
Rapunzel?!
Jogue suas tranças minha nega
Nada de timidez
Isso aqui não é mais um conto
Preta lésbica e ponto.
Aboyumi
Como todas as outras vezes
Que foram somadas ao menos
Vesti-me de Cinderela
Com sapatinhos de couro
Cheirinho de alfazema
Vestida de branco em plena sexta-feira
Sem cavalos e sem espadas
Corro atrás daquela torre
Na Mussurunga 307
Sem reboco e sem piso
Rapunzel?!
Jogue suas tranças minha nega
Nada de timidez
Isso aqui não é mais um conto
Preta lésbica e ponto.
Aboyumi
Ao tentarmos entender a educação destacamos todos os pontos negativos que ela tem, inclusive hoje se tornou hobby falar dos seus pontos negativos; péssima estrutura,incompetência do corpo docente e indisciplinas dos discentes.
Fatos consumados e com vasta literatura, entretanto diagnosticar esta instituição sem fazer referência a que sociedade ela está contida torna-se uma verdade sem fundamentos.
Qual sociedade então nós queremos? Quais máscaras irão usar no século das máquinas que tem sentimento? O que vamos ensinar nas escolas? O que é ético na escola? Quais verdades têm que ser omitida? Temos ou não seriedade no ato de ensinar?
Bem desculpe não ir de encontro as suas expectativas, mas não sou auto - ajuda, não tenho respostas, só péssimas perguntas que envolvem o papel de agente que uma educadora possui.
Coordenadas por um Estado que está comumente vinculado a uma economia capitalista onde se faz uma exploração na dominação do individuo, a tendência predominante é a de fornecer informações e um tipo de mentalidade de pensamento que não favorecem uma
percepção crítica da realidade.
Quando falamos da sociedade capitalista e do Estado, estamos falando de uma perspectiva de análise que enfatiza a dimensão econômica e política. Isso pressupõe que as relações de poder se configuram nessa macroestrutura econômica e política.
E essas mesmas lógicas de dominação vão se reproduzindo nas micro relações, nas relações de diferentes instituições político-sociais. Então existe uma concepção de poder que vai do macro para o micro, do alto para baixo.
A arte educar têm que ir além do alto para baixo ou da concepção maniqueísta de poder, se temos está sociedade não criaremos uma que possua um bolo metafórico que incha e depois divide, sem bolos porquê farinha de trigo está caro, a sociedade que nós temos como proposta, tem que ser mais solidária, menos competitiva, resumindo menos rede Globo.
A escola ainda é o principal foco de organização, sistematização e transmissão do conhecimento e o educador e o educando, os principais agentes nesse processo, embora divida a tarefa de educar com outros núcleos sociais, como a família, as comunidades e os meios de comunicação. A relação entre educação, escola e sociedade é alvo de uma transformação contínua, que influencia os modelos vigentes de educação, de escola e de sociedade. O desenvolvimento da escola guarda estrita relação com o desenvolvimento da sociedade e vice-versa. É através do conhecimento, do domínio da ciência e do desenvolvimento tecnológico que o homem adquire
meios para compreender e transformar.
No mundo em que vivemos a geração da riqueza está profundamente relacionada à capacidade de produzir conhecimento e tecnologia. Como conseqüência, a escola assume um papel vital no desenvolvimento socioeconômico de uma nação. Facilitador no processo de transmissão do conhecimento, o educador tem também a missão de colaborar para a formação dos valores e de uma base ética que oriente o uso correto do saber científico, estético e tecnológico. Em um mundo com fronteiras cada vez menos definidas, passamos a conviver com novos conceitos histórico-geográficos, culturais, econômicos e comerciais.
Diante disso, os horizontes da escola devem expandir-se na mesma proporção, trabalhando com realidades mais amplas e fazendo-se mais presente na comunidade em que está inserida.
Referência:
Matias, Reinaldo. Educar para quê?
Contra o autoritarismo da relação pedagógica na escola.
Fatos consumados e com vasta literatura, entretanto diagnosticar esta instituição sem fazer referência a que sociedade ela está contida torna-se uma verdade sem fundamentos.
Qual sociedade então nós queremos? Quais máscaras irão usar no século das máquinas que tem sentimento? O que vamos ensinar nas escolas? O que é ético na escola? Quais verdades têm que ser omitida? Temos ou não seriedade no ato de ensinar?
Bem desculpe não ir de encontro as suas expectativas, mas não sou auto - ajuda, não tenho respostas, só péssimas perguntas que envolvem o papel de agente que uma educadora possui.
Coordenadas por um Estado que está comumente vinculado a uma economia capitalista onde se faz uma exploração na dominação do individuo, a tendência predominante é a de fornecer informações e um tipo de mentalidade de pensamento que não favorecem uma
percepção crítica da realidade.
Quando falamos da sociedade capitalista e do Estado, estamos falando de uma perspectiva de análise que enfatiza a dimensão econômica e política. Isso pressupõe que as relações de poder se configuram nessa macroestrutura econômica e política.
E essas mesmas lógicas de dominação vão se reproduzindo nas micro relações, nas relações de diferentes instituições político-sociais. Então existe uma concepção de poder que vai do macro para o micro, do alto para baixo.
A arte educar têm que ir além do alto para baixo ou da concepção maniqueísta de poder, se temos está sociedade não criaremos uma que possua um bolo metafórico que incha e depois divide, sem bolos porquê farinha de trigo está caro, a sociedade que nós temos como proposta, tem que ser mais solidária, menos competitiva, resumindo menos rede Globo.
A escola ainda é o principal foco de organização, sistematização e transmissão do conhecimento e o educador e o educando, os principais agentes nesse processo, embora divida a tarefa de educar com outros núcleos sociais, como a família, as comunidades e os meios de comunicação. A relação entre educação, escola e sociedade é alvo de uma transformação contínua, que influencia os modelos vigentes de educação, de escola e de sociedade. O desenvolvimento da escola guarda estrita relação com o desenvolvimento da sociedade e vice-versa. É através do conhecimento, do domínio da ciência e do desenvolvimento tecnológico que o homem adquire
meios para compreender e transformar.
No mundo em que vivemos a geração da riqueza está profundamente relacionada à capacidade de produzir conhecimento e tecnologia. Como conseqüência, a escola assume um papel vital no desenvolvimento socioeconômico de uma nação. Facilitador no processo de transmissão do conhecimento, o educador tem também a missão de colaborar para a formação dos valores e de uma base ética que oriente o uso correto do saber científico, estético e tecnológico. Em um mundo com fronteiras cada vez menos definidas, passamos a conviver com novos conceitos histórico-geográficos, culturais, econômicos e comerciais.
Diante disso, os horizontes da escola devem expandir-se na mesma proporção, trabalhando com realidades mais amplas e fazendo-se mais presente na comunidade em que está inserida.
Referência:
Matias, Reinaldo. Educar para quê?
Contra o autoritarismo da relação pedagógica na escola.
Carta divulgada pelo Pérolas Negras - Núcleo de Estudantes Negras da UFBA no dia 20 de novembro de 2007
CARTA À DANDARA
Querida Dandara,
Esta carta aberta vem com atraso, sabemos disso, mas é necessário ratificar que nunca estivemos mortas e, apesar de estarmos nas lutas feministas e do movimento negro e sermos invisibilizadas, nunca fomos agentes passivas.
Reconhecemos no 20 de novembro - e durante todos os dias de nossas vidas - a sua luta em Palmares. E é essa luta que nos serve de seiva para enfrentarmos os racismos e o machismo cotidiano. Dandara e dandaras... Lindas pérolas negras que existem e se afirmam mesmo diante da imposição de uma invisibilidade social e histórica.
Sem negar a importância de Zumbi, estamos aqui minha preta, para afirmar que a consciência negra se constrói a partir da valorização das nossas irmãs de África. Mais do que companheira de Zumbi na luta pela nossa liberdade ainda não alcançada, você Dandara, representa a libertação das mulheres pretas dos estigmas e das negações que são impostas a cada momento em que seu nome é evocado.
Teu nome está presente em nossas mentes como força para resistirmos e reagirmos à discriminação no mercado de trabalho, à negação imposta pelos homens negros, brancos e pelas mulheres brancas, às retaliações que sofremos quando nos afirmamos esteticamente e intelectualmente - no modelo racista e sexista de educação.
Ah, Dandara... O nosso quilombo de mulheres pretas que lutam - e lutarão - ao lado de alguns dos seus irmãos pretos resiste. Ainda falando de negações e invisibilidade, não podemos nos esquecer de "nossa presença" na mídia. Aliás, Dandara, não estamos na mídia. Não estamos porque os pequenos papéis que são reservados aos homens e mulheres pretas não demonstram a força que nós temos. O que a mídia tenta fazer de nós, faz parte de um plano que tentar destruir nossas identidades em prol de estereótipos e estigmas de putas, burras, problemáticas...
E o pior Dandara, é que muitos daqueles que se dizem nossos irmãos nos vêem e nos entendem nesse espelho distorcido... Desse modo, vários deles nos negam e (se) afirmam nos padrões estéticos das mulheres brancas. Além disso tudo, nossas irmãs pretas lésbicas são excluídas e invisibilizadas do movimento negro, pois muitos de nossos irmãos não compreendem o triplo preconceito que a mulher negra sofre.
Dandara, terminamos esta carta com um abraço carinhoso, e um recado:
CONTINUAMOS DE PUNHOS CERRADOS, RESISTINDO SEMPRE!
Saudações,
Pérolas Negras
Núcleo de estudantes negras da UFBA
perolasnegrasufba@gmail.com
CARTA À DANDARA
Querida Dandara,
Esta carta aberta vem com atraso, sabemos disso, mas é necessário ratificar que nunca estivemos mortas e, apesar de estarmos nas lutas feministas e do movimento negro e sermos invisibilizadas, nunca fomos agentes passivas.
Reconhecemos no 20 de novembro - e durante todos os dias de nossas vidas - a sua luta em Palmares. E é essa luta que nos serve de seiva para enfrentarmos os racismos e o machismo cotidiano. Dandara e dandaras... Lindas pérolas negras que existem e se afirmam mesmo diante da imposição de uma invisibilidade social e histórica.
Sem negar a importância de Zumbi, estamos aqui minha preta, para afirmar que a consciência negra se constrói a partir da valorização das nossas irmãs de África. Mais do que companheira de Zumbi na luta pela nossa liberdade ainda não alcançada, você Dandara, representa a libertação das mulheres pretas dos estigmas e das negações que são impostas a cada momento em que seu nome é evocado.
Teu nome está presente em nossas mentes como força para resistirmos e reagirmos à discriminação no mercado de trabalho, à negação imposta pelos homens negros, brancos e pelas mulheres brancas, às retaliações que sofremos quando nos afirmamos esteticamente e intelectualmente - no modelo racista e sexista de educação.
Ah, Dandara... O nosso quilombo de mulheres pretas que lutam - e lutarão - ao lado de alguns dos seus irmãos pretos resiste. Ainda falando de negações e invisibilidade, não podemos nos esquecer de "nossa presença" na mídia. Aliás, Dandara, não estamos na mídia. Não estamos porque os pequenos papéis que são reservados aos homens e mulheres pretas não demonstram a força que nós temos. O que a mídia tenta fazer de nós, faz parte de um plano que tentar destruir nossas identidades em prol de estereótipos e estigmas de putas, burras, problemáticas...
E o pior Dandara, é que muitos daqueles que se dizem nossos irmãos nos vêem e nos entendem nesse espelho distorcido... Desse modo, vários deles nos negam e (se) afirmam nos padrões estéticos das mulheres brancas. Além disso tudo, nossas irmãs pretas lésbicas são excluídas e invisibilizadas do movimento negro, pois muitos de nossos irmãos não compreendem o triplo preconceito que a mulher negra sofre.
Dandara, terminamos esta carta com um abraço carinhoso, e um recado:
CONTINUAMOS DE PUNHOS CERRADOS, RESISTINDO SEMPRE!
Saudações,
Pérolas Negras
Núcleo de estudantes negras da UFBA
perolasnegrasufba@gmail.com
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